Três vezes por semana, a pista de atletismo do Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Paraná (CED-UFPR) é o local de treinamento do professor Leonardo Fagundes Rosemback Miranda, do Departamento de Construção Civil.
Ele é praticante do Frame Running, uma modalidade de paratletismo criada na Dinamarca, na qual os competidores utilizam um triciclo adaptado, apelidado no Brasil de Petra. O equipamento possui uma estrutura que lembra uma bicicleta, com um encosto e um cinto na região do peito. Os pedais dão lugar à propulsão através da corrida. “A Petra é uma opção que me permite correr, pois oferece o equilíbrio que eu preciso e é uma alternativa de reabilitação”, explica Miranda.
Em dezembro de 2017, Leonardo sofreu um acidente que comprometeu alguns movimentos, a sensibilidade e parte da visão. Há cerca de dois anos, por indicação do professor de natação Rui Menslin, Leonardo conheceu a Petra. Nos últimos meses, os treinamentos foram intensificados, com a orientação da técnica Silmara França, da Associação Paralímpica de Paranaguá. Com os ótimos resultados em campeonatos regionais, foi convocado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro para representar o Brasil na Dinamarca.
Em julho, Miranda participou do campeonato internacional de Frame Running, na cidade de Frederiksberg, Dinamarca. Lá, conquistou o primeiro lugar nos 5000 metros, com o tempo de 20 minutos e 40 segundos, muito próximo do recorde mundial que é de 20 minutos e 35 segundos. Foi ainda o segundo colocado nos 400 metros; o terceiro nos 200 metros e o quarto nos 100 metros.
Um dos objetivos do professor é contribuir para a inclusão do Frame Running no programa paraolímpico. Um abaixo assinado, criado por Leonardo, incentiva o comprometimento com essa causa. Para o atleta, “a divulgação dessa atividade irá causar resultados positivos, físicos e psicológicos, em milhões de pessoas no mundo e irá servir como alternativa barata, saudável e ambientalmente correta para a mobilidade urbana de pessoas com deficiência”.
Mobilidade
Leonardo faz parte do projeto de pesquisa Papa-Léguas, do Instituto Federal do Paraná (IFPR), que desenvolve equipamentos para mobilidade urbana com base na Petra.
Vanessa Vogt, professora do IFPR e coordenadora do projeto, explica que as Petras existentes no Brasil são feitas de materiais mais pesados em relação aos encontrados em outros países. O desafio atual é a montagem de uma estrutura de alumínio que seja mais leve e barata que as estrangeiras. “Estamos trabalhando também em um kit para transformar uma bicicleta em Petra, para fins de mobilidade e reabilitação com menor custo”, ressalta. Com a possível inclusão no programa paraolímpico, Leonardo e Vanessa esperam que haja mais interesse pela aquisição do equipamento.
por João Cubas (Aspec/SCB/UFPR), com informações do IFPR